
Hugo Motta após retomar o controle do plenário da Câmara - 06/08/2025 (Marina Ramos/Câmara dos Deputados/Divulgação)
Posição da federação do PT contra a PEC da Blindagem causa atrito com Hugo Motta, dificultando tentativa de barrar perdão a envolvido no 8 de janeiro.
A Câmara pode votar nesta quarta-feira um pedido para o projeto de lei que concede anistia aos envolvidos nos ataques golpistas do 8 de Janeiro tramitar em regime de urgência, o que significa que o texto poderia ser analisado a qualquer momento diretamente no plenário, sem precisar passar por comissões.
Tanto deputados da oposição como governistas acreditam que o atrito que o voto da federação PT-PCdoB-PV contra a PEC da Blindagem gerou com Hugo Motta (Republicanos-PB) deve ter como efeito colateral um apoio, ainda que tácito, do presidente da Câmara a um formato de anistia mais próximo ao almejado por bolsonaristas.
Em encontro fora da agenda com Lula no Palácio da Alvorada, Motta havia tentado negociar o voto “sim” da bancada governista à emenda constitucional que blinda parlamentares da abertura de processos no Supremo, oferecendo como moeda de troca barrar o avanço de um perdão que livrasse Jair Bolsonaro da prisão. O petista não topou.
Na terça à noite, a Câmara iniciou a aprovação da PEC – ainda resta a análise de dois destaques para despachar o texto para o Senado-, com mais de 340 votos a favor – bem acima do mínimo de 308 – e pouco mais de 130 contrários. Na prática, a estratégia governista não passou perto de impedir a aprovação da retaliação de parlamentares ao STF e ainda cimentou o caminho para o avanço da anistia.
“A PEC da Blindagem era muito cara ao Centrão. A posição do partido de Lula faz com que o grupo decida devolver na mesma moeda e apoiar uma medida que conta com a resistência do governo”, afirmou o presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, Filipe Barros (PL-PR).
Mais do que não contar com Motta para travar o andamento do PL da Anistia, o governo, a partir de sua posição em relação à PEC da Blindagem, também estremeceu suas pontes com os partidos do Centrão.
Lideranças do bloco reconheciam ao longo da sessão de ontem que a postura dos aliados de Lula na Câmara acabava por jogar as legendas de centro no colo do bolsonarismo. Com isso, aumentaram as chances de a urgência do texto contar com a adesão de siglas do grupo.
Fontes ouvidas pelo Radar reconhecem, porém, que a sinalização de Davi Alcolumbre de que barrará a medida no Senado, o provável veto de Lula e a possível judicialização têm potencial de contaminar a a votação. Por isso, o resultado é considerado imprevisível para a maioria das lideranças.
fonte: JBrasilia
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